domingo, 1 de novembro de 2009

Portugal no século XVII - resumo




Caracterização de conjunto do Império Português no século XVIII

sociedade, exploração económica e tráfico de escravos

A extensão dos territórios

Durante a ocupação filipina, o nosso império colonial foi atacado por outros países. Com a Restauração, Portugal não retomou a posse de alguns dos seus territórios ocupados (Arzila, no Norte de África; Calecut, Ormuz e Malaca, na Ásia), mas recuperou outros (S. Salvador da Baía, no Brasil, e Luanda, em Angola).

No século XVIII, o império era assim:

- Ásia/Oceânia - Goa, Damão, Diu, Macau e Timor;
- África - arquipélagos de Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe, Guiné, Angola e Moçambique;
- América - Brasil.




Com a concorrência de Franceses, Ingleses e Holandeses, diminuiu o comércio oriental dos Portugueses e foi necessário procurar outras fontes de riqueza. O Brasil tornou-se cada vez mais importante para Portugal; à cultura açucareira, outras se juntaram, como as do tabaco e do algodão. Iniciou-se o avanço para o interior brasileiro à procura de ouro e diamantes.

A Sociedade

A nobreza

Durante o século XVIII, o prestígio de Portugal esteve ao nível das principais potências europeias, devido às riquezas que nos chegavam, principalmente do Brasil.

A sociedade portuguesa manteve as diferenças entre os diversos grupos sociais: clero, nobreza e povo.

Os nobres rodeavam-se de luxo e conforto, construindo belos palácios - solares - com jardins decorados com estátuas e painéis de azulejos. No interior, colocavam móveis de madeira trabalhada, objectos de prata e porcelanas da Índia. Eram frequentes as touradas, os banquetes, bailes, saraus, óperas e espectáculos teatrais.

A vida da burguesia e do povo

A burguesia continuou a enriquecer com o comércio brasileiro e as suas casas procuravam imitar os solares dos nobres.

O povo mantinha uma vida difícil. Na cidade, cruzavam-se aguadeiros, vendedores ambulantes, leiteiros, lavadeiras, regateiras, artesãos e pequenos comerciantes. No campo, os trabalhadores rurais viviam com grandes dificuldades, tendo muitos deles abandonado as suas terras e tentado melhor sorte nas cidades ou partindo para o Brasil, na esperança de enriquecer.

As festas religiosas e populares reuniam todos os grupos sociais. Havia, ainda, cerimónias públicas (cortejos, desfiles de barcos no Tejo, corridas de touros) muito ao gosto do rei e em que o povo também participava.

Exploração económica

Neste século, o negócio do açúcar e de outras culturas (tabaco, café, cacau, algodão), bem como a criação de gado, atraiu muitos colonos para o Brasil.

Grupos de exploradores, os bandeirantes, penetraram no interior, em busca de ouro, pedras preciosas e escravos índios. Estas expedições tinham o nome de Bandeiras. A exploração mineira tornou-se a principal actividade económica e a coroa portuguesa reservava para si uma quinta parte do ouro extraído - daí a expressão os «quintos do Brasil».



Em Portugal foi introduzida a cultura do milho- -maís e da batata. Aumentou a produção de azeite e de vinho. Desenvolveu-se a indústria de curtumes.

Os reis continuaram a proteger a indústria nacional através das Pragmáticas, que proibiam a importação de artigos de luxo.

Nesta época, os mercados eram muito importantes e neles se comercializavam produtos de várias origens.

O tráfico de escravos

Os índios brasileiros resistiam à captura dos colonos, fugindo para o interior. Para resolver a necessidade, cada vez maior, de mão-de-obra no Brasil, aumentou significativamente a importação de escravos africanos (vindos de Angola e de S. Tomé e Príncipe). Os escravos eram uma parte importante do comércio triangular que se fazia entre a Europa, a África e a América. Os escravos eram vendidos em mercados próprios.

Os Jesuítas dedicaram-se à actividade missionária e à catequização das comunidades indígenas.

A monarquia absoluta no tempo de D. João V

No século XVIII, a forma mais comum de governo na Europa era a monarquia absoluta. Os reis reforçaram o seu poder, tomando todas as decisões importantes sem consultar as cortes. Em Portugal, D. João V e os seus sucessores, D. José e D. Maria I, foram reis absolutos: as cortes não foram reunidas e o rei concentrava em si todos os poderes.

O rei D. João V subiu ao trono com apenas 17 anos e reinou durante 43 anos. O seu reinado foi um dos mais longos na História de Portugal.

Reunião de Cortes

- D. João IV (1640-1656) - cinco vezes, em Lisboa: 1642, 1645, 1646, 1653 e 1654.
- D. Afonso VI - uma vez, em 1667, onde D. Pedro foi jurado príncipe herdeiro.
- Regência de D. Pedro - duas vezes, em 1674 e 1679.
- D. Pedro II (1697-1698) - última reunião das Cortes Gerais dos Três Estados, para jurar herdeiro do trono D. João (futuro D. João V).
- D. João V, D. José I e D. Maria I - não reuniram as cortes.

D. João V quis deixar bem claro que o país tinha abundância de ouro; mandou cunhar grandes moedas (dobras ou dobrões) deste metal precioso, chegando estas a atingir cinco centímetros de diâmetro. Nunca o reino tinha visto moedas tão grandes e tão preciosas!

Construções monumentais

D. João V utilizou uma boa parte do ouro do Brasil no luxo da corte e na construção de grandes monumentos.
No seu reinado foram construídos o Aqueduto das Águas Livres, em Lisboa, o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego, a Torre dos Clérigos, no Porto, e a Biblioteca da Universidade de Coimbra.

O estilo utilizado na época era o barroco. Pode reconhecer-se este estilo por:

- interiores decorados em talha dourada (altares, colunas, em madeira coberta com uma fina camada de ouro);

- utilização, nos revestimentos, de mármores, azulejos e estuques pintados.

Mas a obra que mais marcou o reinado de D. João V foi a construção do Convento de Mafra. Foi o cumprimento de um voto pelo nascimento de um herdeiro ao trono que levou o rei a mandar construí-lo.

Lisboa Pombalina

D. José I, filho de D. João V, continuou a política absolutista do pai. Para a aplicar, nomeou Ministro do Reino Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal. No dia 1 de Novembro de 1755, um terramoto arrasou toda a Baixa de Lisboa. Prontamente o Marquês de Pombal nomeou o engenheiro Manuel da Maia e os arquitectos Eugénio dos Santos e Carlos Mardel para a reconstrução dessa zona da cidade, que viria a ficar conhecida como Baixa Pombalina.

Após o terramoto, o aspecto da Baixa lisboeta alterou-se profundamente.

Surgiu a nova Praça do Comércio, nome que foi dado em homenagem aos burgueses que contribuíram com o seu dinheiro para a reconstrução do antigo Terreiro do Paço.

Um comportamento despótico Para reforçar o poder absoluto do rei, o Marquês de Pombal perseguia todos os que se lhe opunham. A Companhia de Jesus, que tinha grande poder e influência, em Portugal e no Brasil, foi expulsa de Portugal e todos os seus bens foram confiscados.

Para diminuir o poder da nobreza, o Marquês acusou a família dos Távoras de ser a autora de um atentado contra D. José I.

Os principais elementos da família foram torturados e executados na praça de Belém, perante o povo de Lisboa.

A política de um estadista

Devido à diminuição das receitas do ouro do Brasil (contrabando, pirataria e ilegalidades de funcionários) e às despesas com a reconstrução da cidade, tornou-se necessário aumentar as receitas do Estado.

O Marquês de Pombal adoptou uma política económica mercantilista de retenção do ouro, diminuindo as importações: - protegeu a indústria nacional, proibindo a entrada de produtos estrangeiros;

- fundou «fábricas», cujos produtos eram capazes de competir com os produtos estrangeiros, sobretudo os artigos de luxo franceses: sedas, vidros, louças, chapéus, relógios, tapeçarias e cutelarias;

- criou companhias reais, em Portugal e no Brasil, às quais foi cedido o monopólio do comércio:

- 1755, Companhia do Grão Pará e Maranhão;
- 1756, Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro;
- 1756, Companhia de Pesca da Baleia;
- 1759, Companhia de Pernambuco e Paraíba;
- 1773, Companhia das Pescas do Algarve;
- foi criada a Região Demarcada do Douro, para garantir a qualidade do seu vinho no mercado inglês. À Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro foi dado o monopólio do vinho do Porto.

As reformas do ensino

Os Jesuítas dominavam o ensino em Portugal. A sua expulsão prejudicou a cultura portuguesa, tendo sido encerradas várias escolas. O Marquês de Pombal tentou remediar esta situação, reformando o ensino:

- criou escolas menores, para o ensino das primeiras letras;
- criou a Aula do Comércio, para o ensino comercial;
- fundou o Real Colégio dos Nobres, que os preparava para a vida política e militar;
- reformou a Universidade de Coimbra, criando novas faculdades e disciplinas.

histórias que fazem História

Como viste, todos os que não deixavam o Marquês de Pombal governar como ele entendia eram considerados inimigos e perseguidos. Mesmo os irmãos bastardos do rei D. José I, os conhecidos «Meninos de Palhavã», foram desterrados para o Buçaco, devido a intrigas. Naquela altura, o Buçaco era uma região desagradável e solitária. É sobre um destes meninos de Palhavã, o arcebispo Gaspar, inquisidor- mor do reino, que te vamos contar a seguinte história:

Um dia, o Marquês de Pombal foi ter com o arcebispo Gaspar, levando consigo um documento onde se afirmava o poder do rei sobre todas as pessoas do reino, suas vidas e bens. Mais ainda: a Companhia de Jesus era a responsável por todos os problemas que existiam em Portugal. Pretendia o Marquês que o arcebispo assinasse esse documento para o publicar. Mas D. Gaspar não concordou que o documento fosse publicado, o que deu origem a uma violenta discussão entre os dois. Como sabes, o uso de cabeleiras fazia parte do traje masculino da nobreza do século XVIII.

Por isso, no auge da discussão, D. Gaspar, em fúria, arrancou a cabeleira ao Marquês e deu-lhe com ela na cara. Imediamente o ministro se retirou e, zangado, foi fazer queixa ao rei. Devido à grande influência que o Marquês tinha junto do rei, o arcebispo foi desterrado para o Buçaco e perdeu o importante cargo que tinha. O cargo de inquisidor-mor passou a ser ocupado pelo irmão do Marquês.

Com este violento castigo, pretendia meter medo à alta nobreza e mostrar o poder do Estado. Com esta e outras histórias, o Marquês de Pombal foi cada vez mais odiado e foram feitas várias tentativas para o afastar. Todas sem sucesso: a conspiração cedo era descoberta e o seu autor severamente punido.

Retirado de HGP - 6.º Ano de Emília Maçarico, Helena de Chaby e Manuela Santos
Texto Editora

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